Perdi a esperança como um embrulho
velho e gasto, que carregava a custo, por uma rua comprida,
onde o acaso desfila sua intemperança
sob as luzes desiguais da noite extrema.
Lá onde as minhas mágoas transam histórias descabidas,
e modelam uma colcha com as minhas coisas perdidas,
recolhidas onde o mar as devolveu e onde com ela me cubro
nas noites frias de desesperança, sigo mudo de um natural silêncio sob as estrelas tímidas.
E assim me componho como uma exata engrenagem
na grande máquina do mundo, como uma peça indistinta,
lutando contra a fúria selvagem do imprevisto
que, como uma grande moenda, vai triturando os sonhos
pelos compridos e tortos caminhos.
Carlos, o poeta Luis Miguel é de uma maravilhosa facilidade para brincar com as palavras, adoro o que ele escreve, embora meio triste, meio duro consigo, às vezes até sem rumo...mas, ele sabe dizer.
ResponderExcluir"Perdi a esperança como um embrulho velho e gasto"...é como um mote dos cantadores de viola..daí pra frente só ele sabe...deixa espaço para seguir qualquer caminho temático! Essa primeira frase é uma abertura fundamental para o que vai surgir adiante...por isso e por outras ele é tão maravilhoso e eu amo muito esse poeta... poeta de todas as dores e também dos meus amores! Ah! se eu soubesse dizer assim...Beijos e abraços mis, Carlos e Luis!