Chove nos meus olhos
uma chuva torrencial.
E Neruda já morreu
e a poesia está menor.
Todos estamos menores
e os olhos chorarão
um outro dilúvio,
sem consolo nem versos.
O negro que me contava histórias,
á boca da noite,
também morreu.
Morreu de tristeza,
de esperar o que nunca veio.
As minhas mãos estão menores.
A utopia não chegou
e os clarins do povo estão mudos,
frios de desconsolo,
à espera, quem sabe,
de outros sonhos possíveis.
O antigo testamento
já cumpriu seu desígnio
e já passou,
e o novo ainda não chegou
completamente.
Os corações ainda estão secos,
não há lágrimas que os amoleçam.
Só eu insisto nesta poesia
que não chegou ainda.
Só sombras, só passos,
de alguém que ainda não veio.
Sinto-me do mundo um exilado.
E o exílio para mim é uma indelével
marca de nascença !
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