domingo, 26 de junho de 2011

AUSÊNCIA......Poeta Luis Alberto Salerno Miguel

Ir embora uma mãe,
Como pode ?


E deixar tão só
Tamanho aprendiz de vida,
feito grão de areia.


E como faltar a doce conversa
que se dizia sem palavras,
lá onde a fome se saciava
entre caçarolas esmaltadas ?


Como calar a voz
que ninava
e que ainda ecoa
em lenta sinfonia ?


E amanhecer para a eternidade
a mão que contava
a derradeira gota de remédio
no pesado da noite fria ?


No céu deve existir
um segundo melancólico
na paz universal da criação:
-por que deve partir uma mãe ?


Anjos se entreolham,
verdades caem
como bolhas de sabão,
e o céu se cala
num silêncio sem par.


De súbito,
uma voz suave em sobressalto
ecoa da possibilidade cósmica:
- Não existe um fim
para as coisas findas,
pois elas realmente existem
somente quando perdidas !

3 comentários:

  1. Querido Miguel (anjo da Anunciação), o sentimento de perda está muito bem descrito em seu poema...(acabo amando você)! que coisa....
    Essa mãe que deixou alguém na orfandade precisava ir, não dava para ficar! Estava sendo doloroso demais... Sempre que precisares dela, estará pronta para atendê-lo, pois o ama demais...mãe não é assim? Existem porém coisas que nem mãe suporta...mãe também sofre, sabia Miguelito?
    - "Não existe um fim
    para as coisas findas,
    pois elas realmente existem
    somente quando perdidas "!
    TODA A VERDADE ESTÁ AÍ! e vai estar sempre....
    Dê um beijo bem gostoso no Carlos se é que podes. Abraços.

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  2. Meu Poeta , nessa existência na se perde quando se tem!!!!!"- Não existe um fim
    para as coisas findas,
    pois elas realmente existem
    somente quando perdidas !"... por isso ser findas!!!!! lindo Poeta bjs

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  3. Me lembrei da minha mãe....e de Drumond.....dessa vez me levou às lágrimas, vc, ou esse outro poeta, ou heterônimo......alguém fez isso, tocou-me profundamente a alma, tal qual Drumond quando mamãe se foi.......

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