quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PARA A MEMÓRIA.........da Poetisa PAULA QUINAUD

Velhice não é uma questão de tempo passado,
Mas de como uma emoção se instala no peito.
Algumas existem desde sempre dentro da gente,
Outras, por mais que os dias corram,
Nunca vão conseguir fixar permanência.


Com o fio de tecer história,
Vou marcando as coisas da vida,
Na tela fina do pensamento...
Eu tenho uma cadeira de balanço,
Que me garante a cadência do tempo.
Boto no colo a minha caixa de canduras,
E me disponho a arranjar os apetrechos.
Carretéis re-tintos de muitas cores,
Dispostos na ordem alfabética dos sentimentos.
Agulhas puras com pontas retas
E traçado torto,
Vão bordando na seda da alma,
Imagens velhas em amarela e ocre.
Redesenhadas com afinco e com esmero.
E com o cuidado para não serem nítidas
E com o apuro para não serem eternas.


O dia a passar.
Retrós.
E eu ali a bordar fiado...
Só por que não há preço
Nem nunca me apresso.
Apegar, me apego,
Guardo e entrego.


A tarde vai,
revestida dos barulhinhos da casa
Do som das crianças correndo em volta dos sonhos.
Chiado da panela no fogão,
Ave pipia, cheia de graça...
Cheiro de pão-quente-queijo,
...O RITO COTIDIANO.


Minha cabeça a embalar vontades.
Minha cadeira a compassar alvitres,
Minha memória a segurar lembranças,
Da saudade que ainda não tenho.
(E JÁ ME DÓI).











Um comentário:

  1. estou muito feliz em fazer parte do seu espaço poético, Carlos Alberto! muito obrigada pelo carinho e incentivo! sempre. bjs.

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