Pessoa, que é gente, disse um dia
Todo Poeta é um fingidor
Finge que é dor
A dor que deveras sente.
Olho pela sacada o Sol ardente
A claridade viva na varanda adentra
Alço a vista num passado amplo
E contemplo os cáculos dessa vida intensa.
No que acertei, no que errei
Não há como fugir dessas perguntas hoje
Já não há voz interna, antiga, feito Sócrates
Prá me guiar os passos, voz e planos.
Avalio do que me vesti no tempo
E, também, do que me desfiz nestes caminhos
Como cheguei nestas montanhas distantes
Por que fiquei e o que me mantém aqui.
É duro ver que nem toda resposta dada
Nos convence, se outras perguntas calam.
Pessoa, não sei se é o ser quem finge a dor
Ou, se é a dor, mesma, que finge o Ser.
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